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Motoqueiro Fantasma 2 - O Espírito da Vingança



O grande acerto de “Motoqueiro Fantasma – Espírito de Vingança” é o fato de ignorar completamente o filme anterior. Agora produzido pela Hyde Park, embora a gigante Sony/Columbia ainda esteja envolvida, é notável o esforço dos envolvidos na produção em fazer esquecer a péssima fita original. No entanto, o resultado – novamente – não é lá dos melhores.


Dirigido pela dupla Neveldine/Taylor, reencontramos Johnny Blaze (Nicolas Cage) escondido na Europa, tentando se livrar da maldição que o transforma no monstro sem consciência que se alimenta da alma dos malignos. Blaze é contatado pelo padre Moreau (Idris Elba), que diz ter um modo de salvá-lo de seu “problema” se ele conseguir resgatar o jovem Danny Ketch (Fergus Riordan) e sua mãe (Violante Placido) das garras do Diabo (Ciarán Hinds) e seu assecla Carrigan (Johnny Whitworth).


O roteiro, escrito pela dupla televisiva Seth Hoffman e Scott M. Grimple em cima de um texto de David S. Goyer (co-roteirista dos “Batman” de Chris Nolan), se livra de alguns problemas do filme passado, principalmente por explicar as limitações dos poderes do Diabo na Terra ou mesmo mais detalhes sobre o ser que vive dentro de Johnny Blaze, sendo ágil ao dar breves explicações da história pregressa de seu protagonista, sempre com animações simples e visualmente interessantes, em um bom ponto dos diretores.


Por outro lado, o script é extremamente pobre ao explorar as motivações de seus personagens, tremendamente previsível em seu mote (alô “Superman II – A Aventura Continua” e “Homem-Aranha 2″!) e ainda conta com diálogos que ultrapassam a barreira do ridículo. Para piorar esse último “detalhe”, os diretores se mostram incapazes de conduzir Nicolas Cage, que liga o seu modo exagerado no máximo. É impossível segurar o riso nas cenas em que vemos Johnny Blaze tentando controlar o Motoqueiro em momentos que deveriam ser sérios! O roteiro e a atuação de Cage levam a maldição de Blaze na brincadeira e tiram qualquer tensão que poderíamos ter das transformações do piloto na criatura.


Decepcionante a participação de Ciarán Hinds como o Diabo, já que tem pouco tempo de tela e quase nenhuma interação com Johnny Blaze, jamais criando qualquer química entre herói e vilão. Carrigan, o capanga do demônio, é vivido por Johnny Whitworth como o bom e velho segundo em comando genérico, com suas aparições após sua transformação sobrenatural precedidas por um escurecimento da tela jamais explicado pela narrativa. Ao menos Whitworth parece estar se divertindo em cena.


Já entre os coadjuvantes, o Padre Moreau, vivido por Idris Elba, se mostra um guerreiro bem mais interessante que Johnny Blaze. O inglês dá ao personagem o tom certo entre o humor e a fúria, e é uma pena que ele não seja o protagonista. Violante Placido surge bela em cena e só, enquanto o pequeno Fergus Riordan não incomoda. O sumido Christopher Lambert ainda tem uma participação especial, na qual podemos matar um pouco a saudade da agradável canastrice do eterno Highlander.


Mesmo os fãs dos diretores Neveldine e Taylor, especialistas em cenas de ação insanas, irão se decepcionar com as sequências concebidas aqui. Contratualmente obrigados a fazer um filme PG-13 pela primeira vez em suas carreiras, os dois se mostram bem mais contidos que em “Adrenalina” ou “Gamer”, com as stunt scenes não sendo tão impactantes como a de seus trabalhos anteriores. A sequência inicial até empolga, mas o clímax da produção é uma perseguição bem genérica simplesmente brochante.


O visual mais sujo e simplificado do Motoqueiro Fantasma está perfeitamente intimidador e, embora Cage mostre as transformações de um modo mais galhofado, os efeitos ali estão OK (embora a risada da criatura mais lembre o som dos Transformers do que qualquer outra coisa).  Já o look de Carrigan após sua metamorfose mais parece um headbanger albino do que um ser infernal.


Sem jamais impressionar em suas cenas de ação, incapaz de inspirar terror ou mesmo de acertar na medida trash, “Motoqueiro Fantasma – Espírito de Vingança” ao menos é melhor que seu antecessor por ter um ritmo mais acelerado e vilões não tão constrangedores. Ainda não foi desta vez que o Motoqueiro rodou com glória.


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